terça-feira, 13 de maio de 2008

Ecos Falsos - São Paulo/SP

A banda de hoje simplesmente dispensa apresentações. Sendo integrantes de uma nova geração do rock autoral brasileiro, Gustavo, Daniel, Felipe e Davi vão além do underground, conquistando o Brasil com suas letras nem sempre tão poéticas, mas de coração!

Vamos à entrevista!

Cinta-liga: Falem um pouco sobre os Ecos Falsos!
Gustavo: Os Ecos Falsos é uma banda paulistana de amigos que se conheceram na faculdade e fazem rock de acordo com o que estão pensando no momento. Às vezes é pesado, às vezes é engraçado, às vezes é obscuro, mas sempre é de coração.

Cinta-liga: E as influências da banda? Quais são?
Felipe Barba: As influências variam acho de acordo com o integrante e com as estações do ano, não sei, as respostas sempre mudam. Mas eu tenho escutado bastante Mundo livre S/A, o Jaga Jazzist, o bom e velho Chico Buarque de sempre, Arcade Fire, Björk, Mutantes o último do Devendra que consegui há pouco tempo. Eu estava curioso por ouvir.
Daniel: É muito variada. Eu sou beatlemaníaco e gosto muito das coisas. Novas como Arctic Monkeys, White Stripes, Foo Fighters, Blur... o Davi carrega uma dose grande de pscicodelia e barulho, de Mutantes, passando por Stooges até PJ Harvey e Queens of the Stone Age. O Gustavo tem um pouco mais de senso de humor. A base da criação é Frank Zappa, mas passou a juventude ouvindo Weezer e hoje ouve We Are Scientists, Ok Go!, Wilco. O Fe traz uma pegada mais Jorge Ben, Chico, Jon Brion, Los Hermanos e Cartola. Mas a banda que nos liga nesse elo complexo, sem sombra de dúvidas é o Radiohead.

Cinta-liga: Bom, há uma alegação da banda não ter objetivos políticos, Descartável Longa Vida reflete uma preocupação social-política, como fazer que o disco soe ao mesmo tempo engajado e imparcial?
Gustavo: Há várias definições diferentes para o que é ser político. Mas como as pessoas estão mais acostumadas com esse jeito hardcore de ser político, fazendo essas críticas sociais na letra, acho melhor dizer que não somos políticos mas ao mesmo tempo não somos bunda-moles. Então a gente comenta, temos opiniões, mas acho que o como fazer que a gente adota é falar das coisas do nosso ponto de vista, sem querer catequizar o ouvinte, sem querer dar a última palavra sobre o assunto. Só sobre fashion!

Cinta-liga: HAHA, compreendo.
Como falar
achamos que isso é assim, mas não quer dizer que você deva pensar desta forma?
Gustavo: Acho que a gente estimula e provoca o cara a pensar por si próprio, sobre o assunto não dizemos nada do tipo destrua o McDonalds, fale mal da polícia, odeie os políticos porque no fundo são muito vazios esses lemas. É uma repetição de idéias que você nem sabe de onde vieram, só fica ecoando. Nós somos os ecos falsos, parece mas não é isso.

Cinta-liga: Por falar em Ecos Falsos, o nome da banda teria uma ligação com este eco que mostra de onde veio ou tem outro significado?
Felipe Barba: Na verdade, tem outro significado. Tem a ver com sinais alienígenas captados por radares. O nome desses sinais de atividade alienígena é eco falso. Olha como eu sou a pessoa errada pra responder essa pergunta, segundo o que eu já li outras vezes em entrevistas, o BB (guitarrista que EU substitui nos Ecos Falsos) foi quem teve a idéia. Como você pode ver, eu não estava na banda quando o nome surgiu, porém, já estou um pouco interado sobre a história. Inclusive, sei que existe um outro significado secreto que só será revelado nos extras do dvd comemorativo de 30 anos da banda.

Cinta-liga: Uma coisa que me surpreende, é que vocês colocaram que a banda tem uma pegada punk no modo de tocar, correto? Mas analisando as temáticas e mesmo as canções mais engajadas, vocês estariam mais para o progressivo não é verdade? Fundamentalmente krautrock alemão.
Gustavo: Sim. Então, a gente sabe compor, mas não sabe tocar. Tipo Ultraje: a gente escreve música e não sabe tocar.

Cinta-liga: Mas acho que é por isso mesmo punk sempre esteve ligado a uma filosofia anti-cultural radical.
Gustavo: É, punk não somos mesmo. Foi só um jeito mais cool de dizer que não somos virtuosos.

Cinta-liga: Então, como vocês se definem? Já o krautrock era o meio disso tudo, músicas simples, letras engajadas e essa temática espacial futurista (space rock, vide Mutantes).
Daniel: Bom, eu sempre digo que as pessoas sempre procuram alguma definição, um rótulo, pras coisas pra poder identificar o som ou dizer que isso se parece com aquilo e tal. Eu acho que estamos caminhando num limite entre o pop e o punk, mas com algo a dizer pras pessoas. Nem tão pop com frases de efeito, nem tão punk com letras revolucionárias.
Gustavo: E nem nada parecido com Avril Lavigne, né. O emo também é algo entro o punk e o pop, mas totalmente escapista.

Cinta-liga: Eu acho que o emo seria algo extremante sentimental, e o engajado não se dá a este luxo.
Gustavo: Pois é, o engajado só é sentimental quando se fode, HAHAHA. É que nós temos uma dificuldade nesse lance de classificações, porque a gente não atua. A gente compõe, toca e se apresenta como somos mesmo. Então não tem como dizer que somos uma banda punk porque só estamos a fim de ser punk às vezes, ou mesmo engajados. Às vezes só queremos falar merda.

Cinta-liga: A música para vocês seria um espelho da alma.
Gustavo: Algo por aí. Nem sempre tão poético.

Cinta-liga: Mas isso também é relativo. Acho que não existe uma definição única de poético. Varia muito para cada pessoa certo?
Gustavo: Sim. Usei no sentido mais clichê, mas você está certa.

Cinta-liga: E como surgiu o convite para gravar o primeiro disco?
Gustavo: Não teve convite. Foi Do It Yourself. A gente gravou primeiro e procurou a gravadora depois.

Cinta-liga: Quantas gravadoras vocês procuraram?
Gustavo: A gente já tinha a Monstro em mente, conhecemos o pessoal de lá faz tempo e gostamos muito do trabalho que eles fazem no independente, tanto em festivais como nos próprios lançamentos, distribuição, divulgação, etc. Além disso, o disco já tinha atrasado muito pra sair, não queríamos ficar mais três meses batendo de porta em porta, então fechamos com os brothers mesmo.

Cinta-liga: E qual foi a primeira resposta que vocês receberam da Monstro?
Gustavo: Bora lançar!

Cinta-liga: Houve alguma modificação entre o demo gravado por vocês e o que a Monstro lançou?
Daniel: Não gravamos demo do cd. Gravamos independente e apresentamos à Monstro. Eles curtiram e entramos no selo.

Cinta-liga: E como foi a vendagem? Houve uma boa recepção do público?
Gustavo: No show de lançamento já pagou os custos da prensagem as vendas, quer dizer, eu diria que foi um sucesso comercial!

Cinta-liga: Houve alguma música que faltou neste disco?
Gustavo: Muitas músicas ficaram de fora sim, mas nada se perde! A internet está aí para isso.

Cinta-liga: Alguma canção foi re-aproveitada para um segundo disco ou vocês resolveram investir em material cem por cento novo?
Daniel: Bem, temos muitas canções que ficaram de fora. Provavelmente iremos trabalhá-las melhor pra encaixar num molde que tenha a cara do segundo disco e a cara das coisas novas que estamos fazendo.
Gustavo: Eu tenho uma sensação que esse disco vai ser ainda mais radical que o primeiro. Desde músicas novíssimas com tempos complicados até coisas que a gente fez com 14 anos, HAHAHA. Cheias de palavrões!

Cinta-liga: HAHAHAHA! Bastante amplo! E como vocês conseguem por dentro uma esfera extrema canções de amor?
Gustavo: Sentimental é uma música extrema de amor. O amor é cheio de coisas extremas.

Cinta-liga: Para finalizar, duas perguntas: sendo a banda chamada de Ecos Falsos vocês acreditam em ETS?
Gustavo: Claro! Nós somos os alienígenas do indie. Nós e o Trilobit, mas eles em outro sentido, HAHAHA.

Cinta-liga: Mas se vocês são ETS como vocês explicam sobreviver ao efeito relativista especial de uma velocidade pelo tempo real, sem cortar o tempo imaginário onde a repulsão de freio faria que vocês tivessem que chegar a Terra em pelo menos 1000 anos-luz?
Daniel: Porque, na verdade, não estamos aqui.

Cinta-liga: E como esta comunicação seria permitida?
Daniel: HAHAHA. Pedimos astronomia, não ufologia! HAHA (No começo da entrevista os Ecos Falsos queriam perguntas sobre astronomia).

Cinta-liga: Tudo bem então. Considerando a natureza do universo pentadimensional, onde o tempo forma uma dimensão axial de tempo real e imaginário, poderíamos concluir que todos os eventos correm dentro de uma dinâmica, eliminando a estatística quântica, ou devemos prever dentro da cosmologia uma sexta dimensão para evolução de estado quântico?
Gustavo: vou ver se tem a resposta no Zé Moleza.

Cinta-liga: Valeu pela entrevista. Se agora quiserem mandar o clichê recado, podem mandar!
Gustavo: Força Rafinha!
Daniel: Bom, o pessoal de Campo Grande que nos espere, pois estamos quase indo para aí desde o ano passado... entao, tudo indica que este dia esta chegando! Valeu!

Cinta-liga: Nós que agradecemos! Muito obrigada meninos.

*Daniel: Sabia que a capa do nosso cd foi fotografada em Campo Grande?
Cinta-liga: Não sabia não, sério? Onde foi?
Daniel: Na rodoviária... aliás, poderíamos fazer uma promoção... junta quatro amigas e vai lá tirar uma foto igualzinha que a gente manda uns brindes.
Gustavo: Melhor reprodução ganha camiseta e CD
Daniel: Tem que ser no local lá.

Links:

Site: http://www.ecosfalsos.com.br/

Fotolog: http://www.fotolog.com/ecosfalsos

Myspace: http://www.myspace.com/ecosfalsos

Tramavirtual: http://www.tramavirtual.com.br/ecos_falsos

Youtube: http://www.youtube.com/ecosfalsosTV

Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=43152

NOTA

Ecos Falsos no Sarau do Zé Geral, Campo Grande-MS

Dia 23 de maio às 22h - R$10 (R$7 para os 50 primeiros)

Jennifer Magnética - Dimitri Pellz - Facas Voadoras