
Depois de 20 dias sem dar as caras, ressussitamos o Cinta-Liga com o "rock estranho" dos guris da baixada santista. After Midnight, composta por Sander Newton: gaita e voz, Rafael Fernandes (Jedi): ritmos populares e voz, Mateus Moises: guitarra e voz, David Romay (Zeus): guitarra, Rodrigo Farias (Senna): baixo e Macuby: bateria e voz merece destaque por fazer um som diferente. Mesclando letras engajadas, ritmos brasileiros e performance teatral, conquistam públicos de diferentes idades e trazem mensagens reflexivas. Uma banda no mínimo curiosa, vale à pena conhecer!
Cinta-liga: Vamos lá! Fale um pouco sobre a After Midnight!
Sander: Pra começar, After Midnight não é apenas uma banda de rock, somos um grupo que visamos fazer arte, rompendo todo e qualquer paradigma, e a arte é vasta, nos fornece vários campos de atuação, exploramos a poesia, o teatro e claro, a música. Temos uma proposta de impactar as pessoas, de fazê-las acordar, despertar para o nosso tempo, os nossos problemas, fazemos isso de forma por vezes engraçadas que tendem a ser muito irônicas, entretanto nem todos nos compreendem. Não é fácil caminhar contra a maré, mas é um tanto quanto divertido e prazeroso. Somos loucos! Putos! E adoramos você e seu namorado!
Cinta-liga: E misturando música com arte, como surgiu a After Midnight?
Sander: After Midnight surgiu numa brincadeira entre eu, Diego (ex-baixista que saiu da banda para se dedicar aos estudos, ainda será Tenente) e Rafael (o outro vocal e também toca percussão), somos amigos desde a infância, sempre andamos juntos, quando menore,s brincávamos de médico, Cavaleiros do Zodíaco, pega-pega, elefante colorido, crescemos e brincar disso parecia ser meio inconviniente, então Diego por forças próprias resolveu aprender tocar violão e aprendeu, então começamos todas as noites nos reunir na nossa rua e ficar cantarolando as mais diversas canções, fizemos uma paródia aqui, outra ali, mas tudo começou de fato num reveillón, onde uma fato 'estranho' aconteceu e assim que fiquei sabendo do mesmo, começamos a retratá-lo em música e saiu uma coisa linda, você nem imagina... Daí o Mateus (guitarrista) apareceu do nada na rua e era mongol tanto quanto e resolveu se juntar a nós (que até então não era uma banda) e comecei juntamente com ele a compor e tocar essa idiotice pra frente. Foi quando de repente tivemos a oportunidade de fazer uma apresentação na festa junina do Senai, mas não tínhamos baterista, então convidei um amigo meu para fazer parte da trupe (Jenner). Ensaiamos algumas vezes e fizemos esse show (muito legal por sinal..rs)
Fato: Antes da entrada do Jenner, o Rafael ficava tocando capinha de cd na rua, ele seria o nosso baterista, mas sua preguiça imperou.
Fato 2: Jenner saiu da banda no iníciou desse ano.
Resumindo pra te facilitar a vida: Começamos numa brincadeira que supria aquelas necessidades da infância e agora encaramos a parada de uma forma mais profissional!
Cinta-liga: E o nome da banda surgiu devido ao que?
Sander: Motivo 1: Como disse, éramos amigos e ficávamos na rua tocando, só que todas as músicas que criamos naquela época, seja paródia (o pessoal vira e mexe ainda pede aquelas 'porcarias') ou música próprias, todas foram criadas após a meia noite, ao percebermos isso, o Diego deu a idéia e o consenso foi geral.
Motivo 2: Filosófico - porque depois da meia noite surge um novo dia, com novas possibilidades de tudo ser diferente, basta você fazer por onde, basta acreditar. ACREDITAR!
Motivo 3: Sempre fomos meninos pobres e nunca tivemos boas condições financeiras, daí só podíamos usar a internet após a meia noite para nos comunicar (horário mais barato) e que nossas mães não brigariam. (Esse motivo foi dado por alguém de fora da banda, que deduziu isso..rs)
Atualmente queremos trocar de nome, entretanto muita gente já está apegada a ele, vencemos um festival recentemente, daí fica difícil de trocar assim, sem mais nem menos. Fora que temos uma certa dificuldade para com nomes. Queremos mudar também, por causa do nome em inglês, somos brasileiros, nossa proposta é toda voltada para o nosso povo, não tem porque o nome fugir disso.
Cinta-liga: Bem, e essas letras criadas "após a meia-noite" falam sobre o que?
Sander: Conflitos ideológicos-culturais, falamos sobre tudo. No começo, sobre fatos que ocorriam conosco, que estavam ao nosso redor, com o tempo começamos a perceber que era muito restrito e começamos então a compor de forma mais trabalhada, falamos sobre alienação, política, arte, loucura, amor, ódio, vontade, esperança, saudades, nosso leque é infinito pois nos pertimos criar todo o tipo de música e falar sobre todo o tipo de coisa. Essa liberdade de criação é o que acho mais legal na gente, não se restringir a rótulos, ser livre para criar. Tanto que quando perguntam pra gente, que tipo de som fazemos de imediato respondemos: "Rock Estranho!".
Cinta-liga: Quanto ao ritmo das músicas, também pode-se dizer que é um rock estranho, já que abrange várias influências!
Sander: Gostamos da mistura, o Brasil é o país de todas as raças e crenças então eu pergunto: por que se prender a um tipo de música? Tem tantas opções, podemos fazer tantas coisas diferentes, por que não fazer? Misturamos country com pop com rap com rock'n'roll, misturamos bossa nova, com ska e rock'n'roll, músicas lentas, músicas agitadas, de todos tipos e gostos, nem todo mundo compreende, nem todo mundo aceita, muitos acham palhaçada, eu enxergo como uma forma livre de se fazer ou tentar fazer arte! Em relação ao nosso público, é o mais diversificado possível, desde senhoras como nossas mães que curtem nosso rock'n roll, nerds, emos, metaleiros e etc.
Cinta-liga: Já que a banda é tão diferente, falo algo curioso sobre ela.
Sander: A banda existe há 3 anos, começamos em 3 de janeiro de 2005, até hoje não temos nada lançado na net de música! Através do fotolog conseguimos cativar algumas pessoas (somos muito bobos) e através dos vídeos que não são de músicas nossas, conseguimos provar que somos muito idiotas, bem humorados. Temos uns 12 vídeos no youtube, fora uns que já deletei, muita gente já viu a gente, é um número absurdo, porque não fazemos divulgação de nada. Apenas por fotolog, msn com um ou outro, a coisa vai se espalhando.
Cinta-liga: E isso acaba dando mais segurança e incentivo à vocês, né?!
Sander: Somos muito marketeiros, até hoje alcançamos o que alcançamos através da 'piada'. Todo o apoio é sempre bom. Ontem mesmo, uma guria da Mooca (lugar onde temos um grande carinho) fez uma homenagem em seu fotolog. Muita gente nos ajuda, pois como já disse somos pobres mesmo, que artista não é? E as pessoas ajudam da maneira que podem, nos dão megas descontos, fazem de graça, etc. Todo tipo de apoio é bem-vindo, inclusive esse que vc tá nos oferecendo, pensa que não sou grato por isso? Tenho consciência de que tudo que fazemos hoje se refletirá no amanhã, por isso trabalhamos com os pés no chão, com a seriedade e a brincadeira nas horas certas. O nosso futuro depende única e exclusivamente de nós, potencial e criatividade temos, basta continuar acreditando e fazer por onde. Tem algo que sempre penso e por vezes digo pros caras (antes de shows) "Tem horas de falar sério e tem horas de brincar, sem dúvida nenhuma essa é a hora de se divertir". Encaramos tudo com muita naturalidade e isso é bom. Eu gosto muito dos caras dessa banda, cada um com o seu jeito peculiar de ser, brigamos e nos amamos o tempo inteiro.
"Acreditar num sonho, é a nossa obrigação, é o nosso dever.
Jamais temer o ato de tentar.
Umas das melhores brincadeiras da minha vida."
Cinta-liga: Existem comparações com outras bandas?
Sander: Por sermos irreverentes no palco, declamar poesias, ter ceninhas de teatro, algumas pessoas comparam aos Mamonas Assassinas e ao Teatro Mágico também, quando fazem isso me sinto lisonjeado afinal são duas bandas que gosto demais, entretanto, nossas letras se diferem muito das duas bandas, como disse anteriormente, nas nossas brincadeiras, somos irônicos o tempo inteiro, se dançamos "É o tchan" não é porque gostamos, é para mostrar algo, se tocamos "Sonhos de um palhaço - Antônio Marcos" é porque temos uma mensagem artística pra passar.
Como uma amiga me disse ontem mesmo, até nos parecemos um pouco com O Teatro Mágico, embora não seja nosso desejo, mas somos mais verticalizados, é em um outro sentido. São outros focos. Outras angústias, outra vibe. Nos relacionamos por esse lado teatral, mas só. Eles são bem melhores.
Cinta-liga: Bem, vamos falar um pouco sobre o festival em que vocês participaram e ganharam! Como foi pra vocês, terem ganhado o festival, mudou alguma coisa?!
Sander: Todo mundo agora nos reconhece como uma banda boa, os produtores nos dão várias oportunidades, até as tietes aumentaram! Infelizmente isso não é a verdade, o que aconteceu foi que as portas continuam fechadas, ninguém que saber se você venceu festival ou não, os organizadores continuam querendo cotas de convites absurdas, principalmente para quendo se pretende tocar fora da baixada Santista, continuamos tendo que lutar com as próprias pernas.
Cinta-liga: Mas melhorou alguma coisa?
Sander: A banda está mais coesa, mais unida, durante o festival trocamos de baterista, Macuby teve apenas dois ensaios antes da semi-final, o cara toca demais e deu super certo com a gente, chegou somando e muito e sem dúvida foi um dos fatores responsáveis pela nossa conquista. Com o prêmio conseguimos uma graninha legal, uma demo ensaio que ficou muito bacana e horas de ensaios e só. Mas sem dúvida, o que mais valeu desse festival foram as adversidades encontradas e superadas, provamos a nós mesmos nossa capacidade de criação e superação em curtíssimo tempo.
Cinta-liga: E quais são os objetivos da banda?
Sander: Estamos ensaiando muito, deixando nosso som o mais redondo possível, nossos objetivos atuais são de conseguir alguma produtora, selo, fazer uma gravação de boa qualidade em algum bom estúdio, tendo uma assistência maior e divulgar nosso som por todos o cantos. After Midnight não é uma banda com pessoas que querem ser rockstar, nosso maior intuito é fazer arte e através dela espalhar essa sementinha por cada palco que tocarmos, fazer com que as pessoas riam e reflitam ao mesmo tempo. O objetivo maior não é ter sucesso, ter fama e sim poder fazer o que sabemos fazer com uma estrutura melhor, com um alcance maior.
Cinta-liga: Mas vocês não acham que uma produtora, para um projeto deferenciado como o da After Midnight, poderia atrapalhar no andamento, nas idéias?
Sander: Queremos alguém que aposte na nossa idéia. Não me venderia por dinheiro nenhum.
Cinta-liga: Para finalizar, diga o que você espera para daqui 10 anos?
Sander: 01/05/2018 será uma terça-feira, quero estar fazendo um show no Acre para um público diposto a se divertir! Daqui a 10 anos, acho que queremos poder estar tocando e se divertindo como hoje, só que com toda a estrutura que imaginamos para fazer o melhor show que o sol, a lua e dos os seres que habitam essa terra já viu. Pretensioso? Talvez, nunca disse que não era. Quero poder bater no peito e dizer: Valeu apena acreditar na arte!
Links:
Fotolog - http://www.fotolog.com/aftermidnightt
Purevolume - http://www.purevolume.com/after_midnight
Comunidade - http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=22102286
Flickr - http://www.flickr.com/photos/aftermidnghtt
Vídeos - http://www.youtube.com/afterboys